segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Sou 70 !

"Chegou a hora de apagar a velinha, vamos cantar aquela musiquinha... " Só pelo fato de saber cantar essa música do tempo do ronca já denuncia a velhinha aqui... Sim, nasci em 70 e dai?





Quando era criança, achava os adultos chatos, me perguntava, como eles mudaram tanto ou será que eles eram crianças chatas?. Adultos um dia foram crianças???. Com a chegada da adolescência ser rebelde com causa ou sem causa, não era tão mais importante do que a preocupação dos nossos pais em a gente não abaixar a calçinha....




Reprimidos, levantávamos então a bandeira e gritávamos pelas diretas já, chorávamos pela morte de Tancredo e acompanhávamos todos os domingos um programa chamado MIXTO QUENTE , que acontecia na praia e apresentava as  novas bandas daquilo que mais tarde seria chamado de Rock Nacional.. Sim,  a velhas tardes de domingo da jovem guarda , também embalaram a geração coca-cola.... Mas eu crescia, sempre achando que já tinha vivido tudo na vida, era garota esperta e a passividade e acomodação dos adultos me incomodava muito.



Eu não sei quando exatamente essa inquietação foi sendo substituida por uma serenidade . Quando meus pés pararam de pisar no acelerador de fato, não me recordo, mas eles pararam. Houve uma necessidade de deixar a vida em slow motion... E como um filme, a vida vai sendo revista. De repente , se entra em uma ilha de edição, seleciona os melhores momentos, faz um compacto daquilo que viveu e recarrega a fita para desfrutar agora com mais sapiência, os 45 minutos do segundo tempo.Talvez seja por isso que chegar aos 40 não me assustou, na verdade , era como se a minha vez tivesse chegado, agora eu sou a adulta. Os meus contemporâneos é que estão assumindo o poder desse mundo em várias esferas... a discoteca ,que dançava de sandalia colorida melissinha e a meia toda cheia de brilho, já é coisa de museu.





 É o tempo que Drummond já versou, o tempo que o mundo não pesa mais que a mão de uma criança, e que a vida vive-se sem aquela contemplação.
Pra minha surpresa, esse tempo é bom e nele reside minha única reclamação. A gente vive anos achando que está vivendo, então , descobre que a vida , realmente começa aos 40 , mas será que teremos tempo de sobra pra viver tudo o que se aprendeu? De repente , o tempo passa ser sua maior dúvida...
Os 42 anos estão na porta, dia 4 , sopro a velinha...mas queira os céus que ainda não seja a hora de "apagar" a velhinha aqui !!!!



quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Esse é meu mundo, essa é minha vida

Existem fatos na vida dos quais não podemos fugir. Escrever é um vício, não... escrever é um prazer.Vícios matam, e a escrita, renova-me. Foram alguns meses sem postar nada ... por pura preguiça. As palavras não me abandonaram, mas as compactei nas postagens das redes sociais, mas há muito mais a ser dito e aqui é o lugar, quantos irão ler não importa, mas elas precisam ganhar vida aqui fora , senão explodem na minha cabeça.
Já são 11 meses nessa terra abençoada por Deus e seria leviano omitir o que se passou.Continuo a paraense que aportou nas praias cariocas e que observa cada ponto e detalhe dessa cidade.
Viver no Rio é melhor do que visitá-lo...os olhos do turista não conseguem ver os detalhes do dia a dia. Minha rotina carioca tem sabor de eternas férias, me sinto privilegiada, mas sei que ainda não alcancei o ápice de tudo que posso sorver dessa terra, ainda estou no jardim da infância,mas já caminho com minhas próprias pernas.

A turma  Cerveja no Badalado
A turma que viaja para São Paulo 
Uma coisa maravilhosa que ganhei quando cheguei aqui, foram os amigos, o aconchego de pessoas queridas que me receberam como se já fizesse parte da vida delas. Recepção carioca? Talvez, afinal a turma da praia sempre abre a rodinha pra mais um chegado, um camarada, mas sei que foi além disso...
A turma do pic nic


Minha casa virou point da praia e todo final de semana , sempre tinha um parceiro pra fazer a bagunça das Horas Felizes.

A turma do Carnaval


A turma que vai para o teatro

A turma da faculdade

 Sentia que aos poucos a malandragem carioca ia tomando conta desses corpo paroara, " é preciso adaptar-se ao ambiente",  já dizia Darwin ou outro teórico do tipo. E durante esse tempo fui fazendo minha aldeia recheada de carinho e amizade.
- Amigaaaaa, que você vai fazer hoje?
- Ainda não sei. 
- Posso ir pra sua casa?
- Claro! Venha sim. faremos uma farinha gastronômica na varanda.
Muitos Dôritos, pastinhas, bebidinhas e conversas pela madrugada. Alguém pega o violão e... sabe tocar? ... Tocar? Violão? Fácil, é so tchacutum , tchacutá.... E la la la laiaiiii.. la...la...la....
As vezes eu é que ligo....
- Amigaaaa, Amigoooo, vem pra cá hoje. Vemmmmm!!!
- Como, amiga?  Estou no trabalho, não tenho roupa prá trocar, peça intima... 
- Ah , coisa fácil. Qual é teu número de calcinha/ cueca ? Passo na Americana e compro pra vc ... Vem que te pego no metrô...
E lá vou eu buscar meus amigos , já com suas novas peças íntimas compradas .... E no fim da tarde a gente dá aquele pulo na praia, senta a espera o por do sol.Palmas para nossa amizade!


A minha turma

 Cada dia sinto que aqui é o meu lugar, não posso deixar de esquecer aqueles que ficaram na outra margem do rio, entre uma correnteza e outra , com certeza irei reencontrá-los. Mas agora, quase um ano depois, devo ratificar. Esse é meu mundo, essa é , agora, minha vida! E garanto que está uma delícia como um delicioso tacacá no fim da tarde...

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Moro num país tropical...


Talvez a tradução mais perfeita para essa canção seja dizer, moro no Rio de Janeiro. A principio pode  parecer coisa de gente que veio lá da "Terra dos papa-xibés" viver na tal “cidade maravilhosa”, mas para quem me acompanha de longa estrada de diários, sabe que minha relação com esta cidade está longe do deslumbre pois sempre tenho compartilhado com vocês o que as agências de turismo não compartilham, ou seja, o outro lado da cidade que só é vista pelos cariocas e é exatamente esta  a razão que a torna a perfeita tradução de um País tropical.

                Têm coisas tipicamente tropicais, que o Rio por ser uma cidade litorânea tem, talvez o segredo esteja na geografia, mas ai só morando em outra cidade de litoral para saber.Acordar cedo, tomar aquela vitamina de frutas, caminhar com o cachorro, fazer exercícios, andar no calçadão, tomar um pingado na padaria, ir a feira, experimentar as frutas da época, falar com o peixeiro, bater aquele papo como o jornaleiro,levar as crianças no parquinho, ir trabalhar mas colocar a roupa de praia na bolsa, pegar a van, bater papo com o motorista da van, ver no centro vários homens de roupa social e mochila nas costas, almoçar salada no verão e sopa no inverno, antes de voltar pra casa , passar na praia , jogar uma bola, dar um mergulho, comer um milho, ver o pôr do sol,programar um piquenique na Quinta da Boa Vista, um passeio de bicicleta na lagoa ou um churrascão com os amigos apenas com carne , farofinha e  molho a campanha, ter no guarda-roupa mais vestidos soltos, bermudas, shortes, camisetas, rasteiras e chinelos, tomar bastante água de coco, suco e açaí ( que por aqui é a única coisa que para mim não tem gosto de nada!)
Esse jeito livre de ser carioca, de chegar chegando, falando, todo mundo é parceiro, todo mundo é da mesma praia. Esse jeito tropical de ser que só quem vive sabe o quão tropical é.O verão pode até acabar, mas o sol carioca continuará a aquecer ...